quarta-feira, 28 de setembro de 2011
MULHER RENDEIRA
"A pobre sem nenhum vintém
Não compra nada na feira,
A mulher de rico é dama
A do pobre é costureira
Não pode comprar a maquina
Termina sendo rendeira."
José Mendes
A lenda
Há uma lenda sobre sua origem que diz: que “um jovem pescador usando pela primeira vez uma rede de pescar tecida pela sua noiva, apanhou do fundo do mar uma belíssima alga petrificada, que ofereceu à sua eleita. Tempos depois, partiu para a guerra. A noiva, saudosa e com pensamento voltado para o ausente, um dia, teceu outra rede que reproduziu o modelo da alga; os fios dessa rede eram terminados por pequenos chumbos. Assim foi descoberta a renda.
Olê muié rendera, olê muié rendá...
Olé Muié Rendeira!
Olê muié rendá!
Tu me ensinas a fazer renda,
que eu te ensino a namorar!
As mulheres rendeiras do Cariri podiam até não querer que lhes
ensinassem a namorar, mas com a implantação da oficina escola, elas
começaram a ensinar o belo ofício da renascença para as adolescentes.
A Oficina Escola foi o primeiro passo rumo ao resgate e à
valorização da renascença, por intermédio das adolescentes. A idéia
era fazer com que elas vissem a atividade como uma fonte geradora de
renda.
O ofício de rendeira proporciona uma viagem ao imaginário feminino são mulheres que tecem o dia a dia com finos fios. A força que emana da tradição de tramar as linhas é real. E o fio que conecta essas mulheres, entre gerações de uma mesma família, é que parece torná-las o que são: mulheres que lutam bravamente e que, ao mesmo tempo, desempenham um ofício minucioso e delicado. Com paciência e maestria seguem fazendo a renda da mesma forma que outras muitas gerações de mulheres de sua família já faziam, mas revisitam e atualizam as formas e os pontos que fazem hoje. De modo que estão, ao mesmo tempo, com um pé no passado e outro no presente.
Algumas rendeiras trabalham em grupo; conversam, cantam, fumam. “Quando você está na almofada, menino chora, panela queima, marido briga, você se esquece do mundo.” Ela vira o rosto e se concentra para terminar mais um ponto.
" Tanto faz fazer um ponto pequeno ou grande, o valor pago é
sempre o mesmo. Eles só querem comprar por um preço baixo.A gente gasta mais tempo, mais material e mesmo assim eles não
dão valor. Isso afasta as adolescentes, pois não querem ganhar
apenas R$ 5,00 por semana"
do município de São João do Ti gre).
Assinar:
Postagens (Atom)